Criado por Administrator em seg, 09/11/2015 - 14:17
Danielle Campez
O #DasLetras deu continuidade às conversas e dessa vez o tema foi “Vozes da diversidade: a prosa brasileira contemporânea”. O evento contou com a mediação de Jussara Santos e os autores Betty Mindlin, Conceição Evaristo, Uelinton Alves falando sobre suas obras e, claro, a diversidade na escrita.
Abrindo o bate-papo, Conceição Evaristo falou aos presentes sobre a escrita das mulheres negras e como ela representa a categoria sem perder de consciência a diversidade. “Não somos um bloco único de escritoras com a mesma temática e procedimentos estéticos. Temos a nossa diversidade, mas temos também um ponto que nos une: a diretriz da nossa escrita”, argumenta. Ela explica ainda que esse ponto é o fato de serem e experimentarem um lugar diferenciado na sociedade brasileira - o lugar da mulher (gênero) e da mulher negra (ético).
A escritora completou sua fala citando algumas escritoras que tiveram visibilidade na escrita e como a autoria negra feminina está situada em um campo em que ela já entra com “um sinal de menos”, justamente porque a mulher negra representa uma categoria que reivindica o direito de representação.
Ainda falando sobre a escrita dos negros, Uelinton Alves abre seu discurso exaltando a falta de visibilidade que esses autores tem na sociedade. “Ainda hoje não há muita ideia sobre autores negros. Ninguém enxerga esses autores na livraria, eles não existem”, lamenta. Apesar disso, o escritor cita alguns escritores negros que foram referência. Entre eles, referência no século XIX, Antônio Gonçalves Teixeira de Sousa, nascido em 1812 em Cabo Frio, foi autor do primeiro romance brasileiro, intitulado “O filho do pescador”.
“Que tempos são esses onde falar de heróis é quase um crime”, citou Betty Mindlin ao falar da sociedade indígena e sua escrita sobre eles. A autora, que diz não se considerar uma escritora nata, conta que no trabalho com indios, não se sente nem no direito de falar dos livros quando pensa na situação atual dos povos indígenas. “É particularmente grave reabrir feridas da ditadura”, acredita. Ela conta que nas suas andanças pela sociedade indígenas, anotava em seu diário - que hoje é seu livro - tudo e qualquer observação que tinha sobre o povo, seus parentescos, economia, festas, etc. Além disso, teve que aprender a língua sozinha pois não tinha ninguém que pudesse ensiná-la. Betty Mindlin, orgulha-se ainda, de ter trabalhado com os índios, dos tantos ensinamentos que teve e da amizade que leva até hoje com o povo.
O #DasLetras aconteceu de quinta (5) a domingo (8), com conversas dos mais variados temas.



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