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Mesa discute direitos LGBTQ com diálogos sobre preconceito, afeto e luta

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Tuila Dias
Com: 
Mariana Reis
“Qual é a potência desse encontro? Como podemos transformar essa união em força? A necessidade deste encontro é a do fortalecimento dessa luta”. Pautada na importância do afeto como resistência e renovação, a fala de Fredd Amorim, educadora, membra do grupo "A Coletiva Diversidade” e componente do projeto "Queerlombo", reflete um pouco da emoção da roda de conversa sobre os direitos da comunidade LGBTQ.
 
Além da presença de Fredd, o diálogo contou com a participação da presidente da ONG Transvest, Duda Salabert, e foi mediado pelo professor do Departamento de Educação da UFOP (DEEDU), Marco Antônio Torres. O evento, promovido pelo projeto de ação afirmativa da UFOP "Projeto Vidas - Gênero Diversidade e Sexualidade", ocorreu na última terça-feira (19), no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA).  
 
Com auditório lotado, Duda iniciou o diálogo e falou sobre algumas das principais reivindicações das travestis atualmente: acesso aos banheiros, nome social e identidade. Ela questionou ao público quantos dos presentes têm que lutar por esses direitos diariamente: “se lutamos por isso, é porque o mínimo da humanidade não nos foi dado. Nossos corpos não são reconhecidos como humanos”, exaltou. 
 
Fredd lembrou que além de vários direitos a serem conquistados, as transexuais e travestis têm poucas relações afetivas em suas vidas. “Esses corpos abjetos são, também, privados de afeto, que é o grande fio condutor desta revolução”. Ela propôs a reflexão sobre o papel de cada um naquele espaço e como juntos poderiam pensar a revolução a partir do encontro dos corpos, do afeto e da arte. 
 
Mapa da violência contra travestis
A partir de dados catalogados em meios de comunicação sobre o assassinato de travestis no Brasil, Duda reforçou que o país é o que mais possui assassinatos de travestis no mundo, e mostrou o contraste das ocorrências registradas quando comparado à Argentina. Em 2016, foram divulgados os assassinatos de 171 travestis no Brasil, enquanto na Argentina  contabiliza-se, a partir de dados oficiais do país, 7 mortes no mesmo período. Duda vê a falta de números oficiais como um reflexo da exclusão do grupo pelo Governo. 
 
Ainda de acordo com ela, 85% das travestis são assassinadas com violência hiperbolizada, com grandes requintes de crueldade, 80% das vítimas são negras e 55% dos assassinatos ocorrem em via pública. Na leitura de Duda, os números tratam de um projeto de sociedade: “um projeto de assepsia, higienismo social. Porque nossos corpos são vistos como sujeiras, doenças patológicas”, frisa. 
 
Mercado de trabalho - Segundo a presidente da ONG Travest, 90% das travestis vivem da prostituição e a maioria delas, compulsoriamente, visto que não são aceitas pelo mercado de trabalho. “É raro encontrar uma travesti que não esteja na prostituição. Quantos aqui neste auditório já contrataram uma pessoa travesti ou transexual para fazer qualquer função que você vai terceirizar?”, provocou ela, de modo a analisar como a sociedade contribui direta e indiretamente para a manutenção dessa exclusão.
 
Educação - Para as travestis, a escola ainda é vista como um espaço de reprodução de violência e ódio. Cerca de 90% delas não concluem o segundo grau, o que reforça, nas palavras de Duda, a urgente necessidade de “pensar na política que queremos para o Brasil”, e “repensar a educação e o debate de gênero em sala de aula”. A não conclusão do ciclo básico de ensino culmina na inacessibilidade ao ensino superior e, consequentemente, na falta de representatividade nessas esferas de poder. “Nós somos usadas sempre como objetos de pesquisa, mas nunca somos sujeitos, o que mostra que a universidade está completamente equivocada no jeito de fazer pesquisa. A universidade é uma estrutura feita para objetificar os objetificados e privilegiar os privilegiados”, critica Duda.

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