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11º CineOP acontece com o apoio da UFOP

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Iris Jesus
Com: 
Júlia Cabral
A Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), realizada em parceria com a UFOP, teve em sua 11ª edição a temática Cinema, TV e Educação, e se propôs a homenagear duas figuras que marcaram o cinema brasileiro, o cineasta Eduardo Coutinho e o restaurador Chico Moreira. A programação contou com seis dias de sessões de filmes, debates, workshops e um cortejo pelas ruas da cidade.

Após dez anos de história, o CineOP está cada vez mais consolidada no cenário cultural de Ouro Preto. A mostra aconteceu entre os dias 22 e 27 de junho e contou a participação de mais de 15 mil pessoas.

ABERTURA
A abertura do evento, realizada no Cine Vila Rica - um dos poucos cinemas de rua que resiste ao tempo no interior de Minas Gerais - foi gravada e transmitida como em um programa de auditório ao vivo, com apresentador e bailarinas, que dançaram contra a violência sofrida pelas mulheres.

Familiares e amigos dos homenageados receberam em seus nomes o Troféu Vila Rica. A atriz Inês Peixoto, e Laura Liuzzi, assistente que trabalhou nos últimos filmes de Eduardo Coutinho, falaram sobre a importância do documentarista. 

Segundo Laura, Coutinho tinha uma relação muito horizontal com a equipe, além ser muito generoso e saber ouvir tanto os entrevistados quanto quem trabalhava com ele. Sempre considerou a opinião de todos que trabalhavam com ele. Não havia a hierarquia do cinema tradicional. “Ele faz uma falta tremenda, mas, ao mesmo, ele está muito vivo. Ele está aqui com a gente agora. Essa homenagem é justíssima”, ressalta. 

Eduardo Coutinho e Francisco Sérgio "Chico" Moreira moldaram suas trajetórias a partir da televisão, onde trabalharam entre os anos 1970 e 1980 antes de alcançarem as telonas. Os dois se cruzaram em um ou outro momento e por motivos vários, um dos quais a preservação e a restauração de filmes. Foram exibidos vídeos de ambos os homenageados falando sobre seus trabalhos.

Lembrando o momento político brasileiro e as lutas estudantis por melhorias na educação, a coordenadora do evento, Raquel Hallak, falou sobre a realização do evento. "A Mostra propõe fazer uma reflexão profunda das variações de percepção, experiências, perspectivas democráticas, revisões da ditadura, a escola como unidade comunitária e a formação de uma cultura de preservação de acervo de televisão, através de uma programação intensa e gratuita (...). Viabilizar essa edição da CineOP, driblando todos os desafios que esse cenário político, econômico e cultural nos impõe, representa uma vitória, que me lembra a citação de Guimarães Rosa: "mas sendo a vez, sendo a hora, Minas entende, atende, toma tento, avança, peleja e faz". 

Na apresentação da temática Preservação, foi anunciada a entrega do Plano Nacional de Preservação, que visa a preservação e proteção do patrimônio audiovisual e cultural do país. A temática Histórica contou com uma interpretação da música Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores, de Geraldo Vandré, hino de resistência de movimento estudantil e civil que eram contrários à censura e à ditadura militar, tema eminente na temática. 

As produções audiovisuais sobre as ocupações nas escolas públicas no Brasil foram o destaque da apresentação da temática Educação. O intuito foi revelar ao público presente as dificuldades do ensino no país e do poder da militância estudantil.

No fim da abertura, foi exibido o documentário “Cabra Marcado para Morrer” (1964-1984), considerado a obra-prima de Eduardo Coutinho. 

Durante a abertura foi anunciada a revitalização do Cine Vila Rica. O anúncio foi feito pelo reitor Marcone Jamilson Freitas Souza na abertura do evento, que aconteceu no próprio Cine Vila Rica, prédio tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. 

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Iris Jesus
O Cortejo CineOP foi um dos eventos da mostra.
 
DEBATES

O debate “O Cinema e a TV na Escola: projeções latino-americanas para a educação” discutiu o momento da TV pública e das TVs educativas no Brasil. A mesa teve a participação de Cosette Castro, coordenadora do Observatório Latino-Americano das Indústrias de Conteúdos Digitais, Indira Amaral, coordenadora de rede e assessora da Diretoria de Conteúdos da TV Escola, e da argentina Mariana Loterszpil, diretora do canal argentino TECtv – canal de Ciência e Tecnologia. 

As convidadas debateram sobre gestão e produção de conteúdo para televisões públicas com baixos investimentos, e das políticas públicas para comunicação pública num momento de “retrocesso e desconstrução” do Brasil e da Educação, relacionando também às experiências semelhantes no país vizinho. A mistura entre educação e entretenimento foi outro eixo importante, tratado como debate fundamental para se produzir televisão educativa para crianças e jovens.

O debate “Imagens Vivas de um Brasil Interditado” abordou a temática da ditadura inserida nas produções audiovisuais no cinema. Discussões acerca da estagnação das produções no período onde a censura era vigente foram abordadas pelos membros da mesa composta pelo curador da temática Preservação Hernani Heffner, pelo cineasta João Batista de Andrade, pela pesquisadora Patrícia Machado e mediada pelo crítico de cinema e curador da temática História, Francis Vogner.

Segundo Francis Vogner, o objetivo da mesa foi refletir quais narrativas foram criadas sobre o tema no período democrático, tentando esboçar algumas questões sobre o presente, saber como o cinema viu, sentiu e fez proposições como testemunha na época ditatorial.

A pesquisadora Patrícia Machado realizou um trabalho cruzando as imagens da ditadura com os arquivos da polícia brasileira. O documento lido por ela relacionava o processo de produção do filme Cabra Marcado para Morrer com esse arquivos. Segundo ela, o filme entra na batalha do resgate da época da ditadura. 

A carreira do cineasta João Batista começou antes de 64 e acompanhou todo o processo de ruptura durante a ditadura. “Você continua com o imaginário todo ainda, mas de asas cortadas, frustrado”, relembra.

No total, aconteceram cinco debates relacionados às temáticas propostas para essa edição, convidando todos os participantes a refletirem e debaterem sobre os filmes assistidos e criando uma aproximação com os curadores do evento e seus convidados.

FILMES

Foram exibidos 91 filmes, sendo 19 longas, 7 médias e 65 curtas, na praça Tiradentes, no Cine Vila Rica, no Centro de Convenções da UFOP e nos bairros da cidade de Ouro Preto através do CineOP nos Bairros, que exibiu o filme nacional “Que Horas Ela Volta?”.

Além de filmes para o público mais velho, a mostra contou com exibições para as crianças na chamada Mostrinha, contribuindo para a participação de todas as faixas etárias no evento.
 

 

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