O terceiro dia do Encontro de Saberes 2022 contou com a presença do professor adjunto do Departamento de Química da UFOP Marcelo Speziali, atual diretor de Ciência, Pesquisa e Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado De Minas Gerais (Fapemig). O docente palestrou sobre "O Bicentenário e as perspectivas do futuro da ciência e inovação em Minas Gerais".
Para introduzir o tema, o professor destacou a criação das escolas bicentenárias de Farmácia (1839) e de Minas (1876), que foram o advento da UFOP. Também destacou a criação das fundações de fomento à pesquisa, como a Academia Brasileira de Ciências (1916), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (1948), a Capes e o CNPq (1951), a Finep (1967) e a Fapemig (1985).
O docente trouxe para a discussão os Ciclos de Inovação de Kondratieff, economista russo que analisou o progresso das inovações mundiais para que a antiga União Soviética sempre estivesse à frente dos desenvolvimentos. "O que Kondratieff nos diz é que tudo começa com a prosperidade, onde a gente está vivendo bem, cientificamente falando. Aí vem uma recessão, a partir dela a gente chega ao fundo do poço, no qual chegamos ao momento de depressão. Depois dela é onde a gente começa a trabalhar o melhoramento da ciência e da tecnologia", comentou o professor.
Speziali reforça que ainda estamos aprendendo com a depressão. Com o início da pandemia da covid-19, os professores e alunos tiveram que se reinventar para conseguir driblar as dificuldades durante o período. Além disso, destacou a questão dos conglomerados de pesquisa para o desenvolvimento da vacina da covid-19, em que centros de pesquisa e indústrias realizaram trocas de informações e compartilharam avanços alcançados entre si, para que fosse possível a criação das vacinas de uma forma mais eficaz.
A pesquisa e inovação precisam de recursos, e para falar sobre esse assunto, o professor destacou o artigo "To boost South Korea’s basic science, look to values, not just budgets", que afirma que o fomento da pesquisa não deve se basear nos valores financeiros da proposta, mas sim nos valores gerados. E mais, "investimentos estáveis a longo prazo são mais importantes, ainda que pequenos, do que investimentos grandes e instáveis, porque se faço um investimento grande numa certa infraestrutura e depois corto, crio um elefante branco", complementa.
A respeito da Fapemig, o professor destacou o trabalho a partir de quatro eixos (Ciência e Tecnologia; Inovação; Recursos Humanos; e Comunicação Científica) e chamou atenção para a fraqueza na comunicação científica e a necessidade de melhoramento na área: "Os cientistas são muito habilidosos em comunicar a ciência para pessoas da mesma área de formação. Mas o processo de divulgação científica ainda precisa de melhorarias, pois a gente não estaria hoje discutindo que a terra não é plana e se preocupando com teorias conspiratórias anti-vaxxers".
A palestra aconteceu nesta quarta (14) e está disponível no
YouTube.